domingo, 15 de março de 2009

T r a i ç ã o

A discussão veio à tona com a novela Caminho das Indias, que mostra uma "melhor amiga" traindo a outra com seu marido. Mas todas as matérias jornalísticas feitas após as cenas da telinha garantem que casos como esse são comuns na vida real.

Já me surpreendi com situações e pessoas o suficiente para saber que realmente é possível que coisas assim aconteçam. Mas me pergunto todos os dias se sou inocente demais quando acho que não existe possibilidade de acontecer comigo ou se acredito que as amigas que não percebem tudo acontecendo não fazem vistas grossas para algo tão simples.

Hoje, eu tenho certeza que não me enquadro na situação. Amanhã, quando uma amiga se hospedar na minha casa e tentar ajudar a arruinar meu casamento, posso ficar em dúvida. Convivência dessa forma nunca é bom, principalmente quando há crise no casamento. Nesse caso, amiga, irmã, nem mãe escapa. Qualquer uma pode apresentar um perigo diante da carência do homem e das dúvidas que surgem em relação ao amor do casal.

Acreditar nas pessoas é uma virtude. Mas desconfiar também. Há situações que pedem olhos mais abertos. Na novela, acredito que as situações sejam exageradas exatamente para configurar a situação. Mas há pistas o tempo todo. No mínimo a desconfiança por parte da mulher traída deveria acontecer.

Daí o pior: as mulheres começam a se culpar por não terem percebido o que estava acontecendo. Mas há pessoas assim. Que, como nunca seriam capazes de consumar o fato, acreditam piamente que ninguém mais seria. é uma dificuldade em se transportar para o lugar do outro, de ver a situação com olhos alheios.

Pessoas assim têm uma dificuldade maior de enxergar o mundo, porque acreditam que o mundo se resume ao que sentem, ao que pensam, ao que acreditam e ao que conhecem. Coitadas? Talvez. Mas se abster um pouquinho de si mesmo não faz mal a ninguém.

De uma forma ou de outra, muitas vezes vemos que a traição da melhor amiga é pior do que a traição do marido. E eu entendo. Os melhores amigos são supostamente indiscutivelmente eternos. Podemos mudar de namorado, mudar de marido, mudar de sexo, mas os melhores amigos estarão ali sempre.

Do marido, em nosso íntimo não conseguimos nunca confiar plenamente que ele está livre de desejos, seja por quem for. Portanto, é claro que a mágoa será maior por quem amamos incondicionalmente, certo?